
O Jornalismo nunca será um ofício cômodo. Se assim estiver, é porque está sendo executado de maneira errada. Seus profissionais estão constantemente em busca de informações que tragam de fato interesse à sociedade e que possam, de certa forma, contribuir com a evolução do meio no qual é praticado.
Dar uma notícia às vezes é algo tão difícil que o profissional passa a questionar incessantemente seu valor e sua parcela de contribuição à sociedade em que vive.
A notícia, este composto de informações capaz de tornar a calmaria social em um tsunami, de fato, propriamente dita precisa continuar sendo dada, doa em que doer; até mesmo em seus produtores.
A Gazeta Amazônica fez um levantamento das mortes trágicas registradas pela imprensa do cone sul do estado e chegou a uma marca assustadora. Desde o dia 22 de dezembro, foram noticiadas 19 mortes trágicas, dentre acidentes fatais, pessoas que perderam a batalha contra doenças severas e algumas inesperadas como o caso do tio e sobrinho que morreram afogados em um tanque numa fazenda em Chupinguaia (aqui).
Uma das mais chocantes foi o acidente envolvendo um ônibus que prestava serviços para a empresa TransBrasil e uma carreta. Seis pessoas, inclusive uma criança de três anos, acabaram morrendo na hora (aqui). Neste domingo, 19, o cone sul parou e ficou atônito com a morte de Laysa Pereira Tavares Cerutti, de 29 anos, filha do ex-vice-prefeito de Vilhena, Darci Cerutti.
Ela morreu após prestar socorro às vítimas de um acidente próximo ao Rio Piracolino, na BR-364, sentido Porto Velho (aqui).
Muitas pessoas sentenciam os veículos de comunicação no tribunal das redes sociais acerca desse tipo de publicação, porém elas são necessárias para que a sociedade possa aprender a dar valor à vida, aos momentos com quem se ama e principalmente alertar as pessoas quanto aos perigos em que se colocam sem ao menos perceber.
Publicar esse tipo de notícia é uma forma de explicar à sociedade que ela mesma é frágil, mortal e que o menor dos ventos pode causar um verdadeiro estrago nesta calmaria social. O que é intrigante neste levantamento é que há semanas não há registro de homicídios – tipo de crime relativamente comum na região.
O luto não é apenas das famílias, mas de toda comunidade que, nesses últimos dias, lamenta a perda de mais uma pessoa que direta, ou indiretamente, fazia parte do seu cotidiano.